Estamos habituados a falar sobre os prejuízos do retrabalho nas organizações. Identificamos o que gera desperdício de tempo, de recursos materiais e financeiros; mas não falamos com ênfase das perdas decorrentes de não se fazer o que deve ser feito, das omissões e das perdas resultantes de se fazer bem feito o que não deve ser feito. Não mencionamos as perdas consequentes da falta de foco, quando cada um quer atingir seus próprios objetivos, esquecendo a importância do esforço conjunto, com nítido menosprezo pela dinâmica da equipe e pelo espírito coletivo. Ao perder o foco perde-se energia, perde-se tempo, perde-se sinergia.
Perdas ocorrem pela falta de controle sobre a utilização das melhores práticas, por descaso pela busca contínua por excelência, por se permitir que as pessoas trabalhem no piloto automático atuando sem o devido senso crítico e por não se identificar que o pessimismo de alguns pode contaminar e desmotivar outros. Disputas de poder – uma das mais perversas formas de perda de energia, de tempo e da concentração nos esforços produtivos – também prejudicam muito os bons resultados. Disputas levam a divergências, enquanto os resultados superiores da organização dependem da atuação convergente de todos os seus colaboradores.
Muitas dessas perdas podem ser facilmente identificadas, outras não. A lista é grande: excesso de reuniões, lentidão, ações gerenciais incompatíveis com as proposições, decisões tomadas e não implementadas, ações postergadas indefinidamente, boicotes a decisões tomadas, busca permanente por “culpados”… Algumas delas, decorrem de atitudes imediatistas e da falta de visão de longo prazo, outras resultam do não aprimoramento das relações entre os membros das equipes, da não responsabilização pelos erros, do não reconhecimento dos acertos, pela tolerância para com o fraco desempenho, ou ainda, por não se comunicar, claramente, aos colaboradores os propósitos da empresa e a filosofia do negócio. Todas essas perdas são intangíveis e devem ser tratadas por meio de soluções gerenciais.
Se por um lado as perdas materiais e financeiras são facilmente percebidas e quantificadas, por outro as perdas de natureza intangível são mais difíceis de identificar e mensurar; estas, não têm a ver com a quantidade do que se faz e sim com a qualidade do que se produz. Mas, é imprescindível identificá-las e criar procedimentos que minimizem os seus efeitos negativos. Para tanto, é preciso que haja efetividade na ação gerencial, que o dirigente promova a aprendizagem e o trabalho criativo, que valorize a performance individual e a sinergia das equipes, e que fomente nos funcionários a motivação para que trabalhem em harmonia com os propósitos da organização. Somente a coesão dos grupos e a sinergia dos setores da empresa fará com que as ações conjuntas promovam a excelência organizacional e gerem resultados superiores a médio e longo prazos.
Uma liderança edificante que implemente estratégias corporativas e crie um ambiente de harmonia e a crença nos valores instituídos promoverá a convergência de esforços, e assegurará a confiança de todos naqueles que decidem. A criação de uma visão de conjunto resultará em uma maior integração dos colaboradores e no aumento da produtividade. Solidificará os valores internos, promoverá o crescimento da empresa e a consolidação do negócio, assegurando a competitividade e criando a cultura da excelência. – Somente uma cultura baseada em princípios e valores garantirá estabilidade e permanência da organização no mercado, desde que adequada continuamente às mudanças e aos novos desafios da competitividade.
Para evitar perdas e promover resultados superiores, o executivo deve estar atento aos detalhes. Precisa observar com zelo tudo o que acontece nas relações da empresa com seus públicos interno e externo, analisar os processos produtivos e as estratégias competitivas. Com olhar clínico, precisa identificar os problemas e erros com o objetivo de saná-los e evitar que ocorram novamente. Feito o diagnóstico, precisará colocar as coisas no rumo certo fazendo as correções necessárias e implementando mecanismos de avaliação e correção. Deverá adotar procedimentos e sistemas de trabalho que assegurem os melhores resultados sem uma cobrança inibidora da criatividade individual e das equipes. Para tanto, deverá influenciar o pensamento e o comportamento das pessoas persuadindo-as pela liderança em vez de tentar controlá-las.
Dirigentes eficazes implementam decisões para evitar estas perdas e criam estratégias geradoras de alta competitividade. Sensibilizam os colaboradores para que atuem com motivação e entusiasmo, maximizam os esforços das equipes levando-as a trabalhar com prazer e sentirem orgulho do seu desempenho. Fazem com que os colaboradores sintam que estão em uma missão com objetivos grandiosos e que todos são imprescindíveis para a construção desse projeto de valor. Comunicam isso por meio de uma mensagem inspiradora: “Nosso trabalho tem repercussões positivas. Além da rentabilização dos investimentos que realizamos, nossos esforços entregam as melhores soluções para os clientes, tem um objetivo social e de sustentabilidade, o que levará a empresa a garantir a sua permanência no mercado”.
Os resultados superiores da organização tornam-se evidentes tão logo os seus colaboradores desenvolvam um grau elevado de identificação com os propósitos da empresa e compartilhem da filosofia e dos objetivos do negócio. Isso decorre da implementação de soluções criativas e inovadoras onde o conjunto das ações gerenciais garante alta produtividade e a máxima entrega de valor ao cliente, assegurando a harmonia nas relações internas e boas relações com os públicos externos. Somente uma liderança baseada em princípios, nos bons exemplos e na efetividade da ação gerencial, estabelece uma cultura para garantir a excelência, e faz com que a organização perdure no tempo, seja admirada, e gere um processo de retroalimentação para aumentar os níveis de conexão com os clientes ampliando a competitividade e produzindo resultados superiores.
